quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Sterek. - cena 2x12




Daughter - Youth (The Wild Youth EP)



Senti meus minhas pernas doendo, não só elas, senti meus braços finalmente começando a pulsar de modo doloroso e ao mesmo tempo reconfortante – eu estava vivo. Sentir aquela dor e aquela dificuldade de respirar era algo tão angustiantemente feliz, que eu não pude fazer mais nada a não ser reunir minhas forças para me levantar da cama, despir-me e ir para o banho.

 O gemido quase abafado saiu quando a água tocou meu rosto ferido, assim como minha boca aberta devido aos murros. Minhas lagrimas misturaram a água do chuveiro e eu finalmente sucumbi e fiquei ali debaixo da água quente por um tempo que eu não poderia dizer. Minhas pernas não doíam mais, a dor física não era nada demais, aquela sensação de que algum ruim estava para acontecer finalmente se tornara realidade – aquela sensação de que algo grande estava vindo para esmagar nós todos finalmente tinha se concretizado.

Minhas lagrimas e riso eram indecifráveis, eu estava triste e ao mesmo tempo eu estava vivo, eu deveria ser a pessoa mais sortuda por isso. Não estava pendurado ou qualquer coisa nesse sentido sendo torturado. Eu só tinha levado uma surra, eu iria sobreviver. Sorri tentando me recompor e levantei me apoiando no trinco do chuveiro. Desliguei a água e finalmente sai, me enxuguei e troquei de roupa.

Sai do banheiro e ouvi o toque na porta. – Pai eu já disse que to bem. – Falei enquanto me arrastava ate a porta e a abria.

Por um segundo. Por um misero segundo eu senti meu coração parar e minhas pernas travarem, eu não queria ter aquela conversa agora, eu não queria aquilo, não agora, eu não tinha cabeça para aquilo, eu o queria com todas as minhas forças, confesso, mas eu não queria brigar, eu não tinha forças para isso.

- Seu rosto. – ele falou me olhando quase acusando. – Não... Não é nada... – E antes que eu pudesse perceber ele já estava virando para ver melhor. Tentei desvincular sem muita vontade de sua mão áspera e firme virando para ver melhor os cortes causados pelos murros. Eu ia falar algo, mas antes que eu pudesse o vi respirando e baixando seus olhos, agora de coloração vermelho rubi, como os de um predador. Engoli minha frase, engoli qualquer coisa que tivesse passando por minha mente.

Quase sorri.

- Você quer entrar? – Falei meio incerto quase me arrependendo antes mesmo de chamar, ele passou por mim e ficou parado do lado da minha escrivaninha. Com os punhos fechados e respirando, tentando manter a calma. – Eu estou bem, mas não tenho certeza dos seus lobos. -  ele me olhou franzino o cenho. – Os Argent estão com eles. É só isso que eu sei.

As frases saíram sem muita energia, quase como uma recaída dado de forma automática – era para isso que eles tinham me sequestrado e me surrado, eles sabiam sobre meu affair secreto, eles sabiam o ponto fraco dele. Eu não queria que ele se machucasse, mas eles ameaçaram meu pai, meus amigos, todo mundo próximo a mim, eu estava fazendo o que tinha de ser feito. Eu não era nenhum herói. Eu não podia fazer as coisas que eles faziam, eu era apenas humano.

- Desculpa. – Falamos quase ao mesmo tempo.

Engoli em seco e abaixei a cabeça, respirei ou tentei fazer isso, já que eu estava a ponto de cair em lagrimas, eu não queria aquilo. – Você sabe que isso é uma armadinha, certo? – Falei sem olhar para ele. Pude sentir ele se aproximando - silencioso e peçonhento como o predador que é.

Senti seu toque, seu cheiro. Uma lagrima caiu dos meus olhos. – Eu sei. – Ele falou enxugando ela. – Vai ficar tudo bem. – sorri tentando acreditar na mentira. Senti seus lábios tocarem o meu com cuidado, assim como sua mão firme e áspera na minha nuca, me puxando para perto. – Era a única coisa que você podia fazer. – Falou ele tentando enquanto as lagrimas escorriam dos meus olhos. – eu vou ficar bem, você vai ficar bem.

Eu não abri os olhos, eu não senti ele indo embora, eu não senti mais nada, nem dor, nem tristeza, nem alegria, nem esperança. Nem vida.  

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